Ao escolher um método de análise para os produtos de Inteligência Competitiva (IC) deve-se levar em consideração no mínimo quatro critérios principais:
- Público-alvo do produto
- Objetivo do produto
- Periodicidade
- Tempo de execução da análise
Existem vários métodos analíticos que podemos citar.
- PESTAL
- 9 forças
- SWOT
- Win/Loss
- Análise Cross- Competitor: mapa estratégico
- 4 corners
- Análise dos pontos cegos
- McKinsey 7S
- Matriz GE
- Análise de Portfólio
- Planejamento e Análise de Cenário
- Avaliação de risco na carteira de inovação
Entre outros…
Mas a afinal: qual método devo escolher?
Como estruturar o mosaico de produtos de Inteligência Competitiva?
Fleisher e Bensoussan desenvolveram um framework denominado FAROUT com o objetivo de auxiliar na escolha e definição dos métodos analíticos mais adequados a determinados objetivos analíticos. Para estes pesquisadores, uma análise deve levar em consideração o tempo, o custo e a eficiência do resultado a ser entregue para a tomada de decisão.
O framework FAROUT é sustentado pela premissa de que o resultado da análise deve entregar valor para o tomador de decisão. Neste sentido, precisa atender algumas características comuns, que seriam: orientação ao futuro, precisão, eficiência de recursos, objetividade, utilidade e tempo de realização.
F= Future-oriented – orientado ao futuro;
A=Accurate – precisão;
R= Resource-efficient – recursos x eficiência;
O= Objetive – objetivo;
U= Useful – Utilidade;
T=Timely – quantidade de tempo para realizar a análise.
Na prática, o FAROUT é uma matriz, em que cada técnica analítica é pontuada em relação a cada um dos critérios citados anteriormente em uma escala de 1 a 5 (escala de 1- “baixo” a 5 – “alto”). Após a avaliação, análise e pontuação cada técnica analítica, deve se escolher os métodos mais apropriados para as necessidades do público consumidor daquele produto de IC.
A escala da matriz FAROUT | |
Orientação ao futuro | 1= o produto final da análise não é orientado ao futuro. |
5= o produto final focado em decisões para o futuro. | |
Acuracidade (precisão) | 1= baixo nível de acuracidade. Possível problemas com fontes de dados. Dados não confiáveis. |
5= o produto final apresenta alta precisão e assertividade. | |
Recursos x eficiência | 1= a técnica requer o uso de um grande volume de dados, recursos humanos, financeiros e é pouco eficiente, com conclusões pobres. |
5= o modelo é altamente eficiente no uso de recursos e na obtenção de resultados desejados a partir de poucos insumos. | |
Objetivos | 1= baixo nível de objetividade com alto grau de subjetividade o que permite o avanço de vieses e inclinações pessoais. |
5= a técnica permite minimizar o máximo possível os vieses, inclinações e predisposições. | |
Utilidade | 1= a técnica apresenta resultados incompletos e requer análises adicionais |
5= a técnica apresenta um alto valor agregado e auxilia na tomada de decisão sem requerer esforços analíticos adicionais | |
Linha do tempo analítica | 1= O modelo analítico requer muito tempo para desenvolvimento e apresentação do produto final |
5= A técnica prevê pouco tempo para produção de resultado |
Vamos a um exemplo prático!
Técnica analítica: planejamento com cenários
O planejamento com cenários é um processo que busca identificar as forças de mudanças e mapear os futuros alternativos. Após a criação de narrativas para descrever esses possíveis futuros, se desenvolve planos de ações para lidar com estes futuros, os chamados cenários. Esse método é uma maneira de se preparar para o futuro ensaiando diversas possibilidades. No artigo “Considerações Práticas sobre Planejamento com Cenários” os autores Garvin e Levesque aprofundam esta técnica analítica.
O FAROUT para o método de Planejamento com Cenários pode ser observado na figura abaixo:
F: pontuação 5 (alto), uma vez que o foco é a descrição de possibilidades futuras.
A: pontuação 3 (médio), dependerá das fontes de informação usadas, pesquisas e envolvimento das pessoas. Importante ouvir especialistas, clientes, fornecedores e outros stakeholders. Diferentemente do planejamento estratégico tradicional, o planejamento com cenários prevê múltiplas possibilidades e assim permite o desenvolvimento de planos para diversas incertezas.
R: pontuação 2 (baixo a médio), as informações dependem da empresa e dos participantes envolvidos. O processo necessita de bastante pesquisa exploratória, workshops, reuniões da alta gerência e envolvimento de vários recursos humanos, especialistas e stakeholders.
O: pontuação 3 (médio), depende da habilidade das pessoas envolvidas em analisar os cenários, descrever as narrativas e chegar a um consenso. Depende do grau de subjetividade das informações utilizadas. É muito qualitativo.
U: pontuação 4 (médio a alto), esse método é um ensaio para o futuro. Trata-se da desconstrução de incertezas e estar preparado para diversos caminhos, ou seja, visa a minimizar as incertezas.
T: pontuação 2 (baixo a médio), precisa de muito tempo para análise e desenvolvimento de cenários. Um exercício completo pode levar de 3 a 9 meses.
Diante desta análise, fica evidente que para reports de tomada de decisão em tempo curto e com pouca profundidade, o planejamento com cenários não é a ferramenta mais apropriada.
O framework FAROUT permite selecionar a ferramenta para cada necessidade tornando mais fácil e preciso o mosaico de inteligência competitiva.
E você, tem alguma dica de ferramenta analítica? Compartilhe nos comentários! 🙂